segunda-feira, 5 de julho de 2010

OS AMIGOS DE ALEX

Lembrei-me de um filme dos anos 80, de seu nome "Os amigos de Alex", onde uns antigos colegas de faculdade se juntam no funeral do Alex, já não lembro muito bem o enredo, mas um era magnata e o facto de ser isso mesmo e ser também um dos amigos do Alex, concorreu para os associar a uma notícia da comunicação social, onde também havia um Alex (Alves de apelido), um magnata (ele mesmo) e muitos amigos espalhados pelos mais diversos institutos autárquicos e governamentais.
Ora vejam, o tal Alex propôs-se dar corpo a um projecto de desenvolvimento de energias alternativas, solar se não estou em erro, o que não sendo novidade neste país, não serviu nos anos 90 para que o serralheiro que me vendeu e montou na moradia, um painel de energia solar recebesse de qualquer governo um subsídiozinho, mas isto foi há cerca de 20 anos e nessa altura quem quisesse energias solares ou alternativas tinha de ir ao "Totta" que os governos não davam para esse peditório.
Agora, vinte anos depois de outros terem enchido o país de painéis solares nos telhados, aparece o Alex a sacar do governo 127 milhões de euros de subsídio para implantar em Portugal a tal fábrica que já deveria ter sido construída há muitos anos atrás, mas como diz o ditado, mais vale tarde que nunca e eu acrescento "com o dinheiro dos outros ainda melhor".
E quem não quer ser como o Alex que tem amigos em todo o lado? é que os 127 milhões vieram dos amigos do governo, mas isso não invalida que o terreno que os amigos autarcas de Abrantes tinham comprado por um milhão de euros, foi vendido ao Alex por cem mil euros, uma diferença de novecentos mil euros e tudo legal, que nós não estamos aqui para levantar falsos testemunhos. A propósito, o autarca que vendeu o terreno ao amigo Alex, saiu da autarquia e agora está a trabalhar numa das empresas do Alex... não, não pensem nisso, é tudo legal e o amigo precisava de trabalhar. Aliás foi isso mesmo que disse o novo colaborador do amigo Alex numa das suas empresas, à semelhança do que também fizeram muitos outros ex-governantes quando saíram de cargos oficiais para assumir funções isentas e reverenciais em empresas de semelhantes amigos.
Mas a tal comunicação social revelava também que o tal Alex, sócio-gerente de cerca de vinte empresas, recebe 1.100,00€ (mil e cem euros) mensais de vencimento, o que levou a que só tivesse pago ao Estado em IRS a módica quantia de 1500,00€ (mil e quinhentos euros) anuais, demonstrando à saciedade e à sociedade a despudorada falta de vergonha que alguma classe empresarial e política tem na cara, aceitando que um grande empresário português pague de IRS o que um qualquer administrativo das suas muitas empresas paga de imposto ao Estado.
Valham-me os "amigos de Peniche", que os do Alex e ele próprio ainda são muito piores.

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