quinta-feira, 8 de julho de 2010

MEDO NUNCA!

Eu não tenho medo não, afinal eu vivo no século XXI, o tal que não tem doenças que matam aos milhões, como a pesta ou a "pneumónica", não tem guerras mundiais que também matam que se farta, nem tem outras tantas palermices culturais e religiosas que desde que o homem é homem se inventaram para o domínio de uns em relação aos outros, tenham sido elas genocídios ou inquisições.
O medo tal qual se definia, o tal que nos deixava à nascença com medo dos outros, civilizações, reis, amos, senhores, padres e regedores, foi diminuindo aos poucos, mas não desapareceu completamente, até porque os homens têm que ter os seus medos para que o sentimento gregário, por um lado e o sentimento subserviente tenham sentido, pelo que até nos mais pequenos gestos e atitudes o medo instalado se manifeste.
Mas há uma coisa interessante, direi mesmo uma escada do medo, aquela em que se curva a cerviz quando olhamos para cima e utilizamos os pés para cumprimentar os que estão por baixo, fazendo de cada um uma pessoa diferente quanto ao degrau em que se encontra, arrogante, de voz grossa e dedo em riste umas vezes, solícito, afável e colaborante outras.
Felizmente vivo no século XXI, porque olhando para trás o medo de hoje é um pastel de nata com canela, comparado com todos os medos que nos precederam, já nem falo daqueles medos que levaram os Távoras para a fogueira, mas tão só o medo de ser apanhado pela polícia a jogar na rua e esperar a reparação de tal desfaçatez com umas bofetadas em casa, porque para além de não ser bonito jogar à bola na rua, as botas não eram feitas para durar apenas três meses como hoje, mas pelo menos três anos, que o orçamento não comportava mais.
Mas havia um "medo" que não existia e que hoje nos provoca insónias, nos faz acordar a meio da noite... bem, acredito até que o termo mais adequado será pavor, porque medo agora é de rato, cobra, aqueles medos que apenas dão para gritar por ajuda em cima da cadeira do jardim, o que não se compara com a possibilidade de termos um governo pavoroso, para quem um plano de longo prazo se resume aos próximos 15 (quinze) dias e o aumento do IRS, do IVA e demais impostos se faz sempre que o "chefe" acorda mal disposto.
Medo vamos ter se alguém descobrir carros que andem a água, porque o governo não vai ter problemas em nos deixar morrer de sede, até que seja decretado um pavoroso imposto sobre a água, que salvaguarde os legítimos interesses da nação.
Quem tem medo compra um cão e por isso eu vejo as pessoas com cada vez menos filhos e mais cães, talvez porque se sentem mais protegidos, uma vez que o cão pode comer uma raçãozinha, mas não dá despesa de creche, de escola, de roupa, de mesada, de propina, de casamento e de cunha para uma colocação adequada, porque se desse não era cão... era um pavor tão grande como ter um governo igual ao actual.

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