domingo, 14 de junho de 2009

FUNDAÇÕES...

De vez em quando somos confrontados com o aparecimento de "fundações", sejam elas o que forem e de que área do conhecimento ou desconhecimento se trate, como foi o caso da notícia e respectiva entrevista que o "Diário de Notícias" publicou com a nova Fundação Francisco Soares dos Santos, presidida por António Barreto, aquele ex-ministro da Agricultura que percebia tanto de agricultura como eu de lagares de azeite, mas que sob o diáfano manto de Mário Soares, liquidou a reforma agrária e consequentemente fez do Alentejo uma área demograficamente moribunda, quase ao nível do Sahara Ocidental.
Hoje tive conhecimento que o nosso "Barreto Rua" é o presidente de uma fundação, a qual com um orçamento de 5 milhões de euros anuais vai, como primeira medida, criar um site na internet para dar a conhecer as mais importantes informações na área da saúde, educação, demografia, etc... assim, sim, uma página na internet é obra e até já vejo um serviço online 24 horas por dia a dar todas as informações sobre, por exemplo, saúde.
- Desculpe, é da Fundação Soares dos Santos?
- Sim, sim, faz favor de dizer...
- Olhe, sabe dizer-me qual a farmácia de serviço em Fornos de Algodres? tou com uma irritação na garganta...
- Ora, um momento... Fornos, Fornos... é a Farmácia Central. Em que mais posso ser útil?
- Obrigado, mas agora não preciso de mais nada...
- Mas sabe, no nosso site da internet temos todas essas informações...
- Pois... obrigado.
E com um orçamento de 5 milhões de euros, ter a luminosa ideia de criar um site na net, é obra, oh Barreto, até porque isso depois leva a uns estudos, uns projectos, uns gabinetes de consultoria, mais uns de advogados (tenho a certeza que o Miguel Júdice não se mete nisso)... e se não houver algum rigor, chegamos a Setembro e já não há dinheiro para pagar salários...
Se não fosse esta reportagem do DN eu ía morrer completamente ignorante sobre esta realidade nacional, porque afinal eu conhecia a Fundação Gulbenkian, a Mário Soares, a Berardo, a Champalimaud, a Luso-Americana, a do Figo, a do Vitor Baía, mas fui esclarecido que só registadas com papel impresso e carimbo regulamentar são 120 (cento e vinte) e fundaçõezinhas estima-se que existam em Portugal umas centenas, mais ou menos 500 (quinhentas) para ficarmos entre as dezenas e os milhares.
Interessante é verificar que ninguém sabe quantas são, assim como não se sabe quantos funcionários tem o Estado, assim como também não se sabe quantos carros tem o mesmo Estado, ao contrário de um qualquer supermercado que sabe até quantas caixas de preservativos estão nas prateleiras.
Então se o Estado não sabe o que tem, que importa não saber quantas fundações existem, quantos subsídios, quantos descontos, quantos Barretos andam por aí a enfiar-nos o barrete?
Nem sei como o Loureiro, (estão a pensar em qual? não precisam...) o Vieira, o Betencourt, o Costa (também não sabem qual? nem eu...) ainda não se lembraram de fazer uma fundação.
Depois do que li hoje, nem BPNs, nem BPPs, nem nada... vou fazer uma fundação só pra mim!

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Lúcio, se quiseres eu posso ser o consultor da tua fundação (não confundir com fodação). Sempre arranjavamos umas massas para funder numa viagezita a cancun que até está 50% mais barato por causa da tal gripe. Quanto às restantes fundações, poder-se-ia fazer com todas uma sólida fundição e depois de bem fundidas era mandá-las para o meio do rio iparaguaçu. Parece que existem lá jacarés especialistas em gerencias de fundações...
Abraço
Miguel