quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A SELECÇÃO E AS VACAS...

Depois de ouvir com atenção o treinador nacional Carlos Queirós descrever na generalidade a fábula da vaca e do leite, achei-me a pensar no assunto, não que a coisa seja tão importante que me ocupe muito tempo, mas claro que sou uma pessoa do desporto e da educação física e gosto de ouvir quem sabe mais que eu na matéria. Mas nada tenho contra o nosso treinador nacional, porque para além da sua capacidade como técnico, Carlos Queirós foi meu orientador de estágio de licenciatura e com ele aprendi muito do que apliquei no terreno, enquanto tive a mania de ser treinador de futebol, fase que todos temos na vida mas que com alguma paciência passa, como passam todas as grandes e pequenas figuras deste desporto de "massas".
Mas essa da "vaca e do leite", mas também da palha para a alimentar e do tratador da vaca que para além do leite também dá carne fresca e ossos, a vaca, claro, que o tratador não dá nada disso, dizia eu que me lembrou aquele ditado do "já que me comeram a carne, roam-me os ossos", o que de certa forma ocorreu com muita gente, mas com Carlos Queirós não, uma vez que ao longo de quase vinte anos ele teve o cuidado de comer carne em locais tão diversificados como USA, Africa do Sul, Japão, Espanha e Inglaterra entre outros, com vacas muito saudáveis e de enormes quantidades de leite, pelo que também em Portugal não temos necessidade de lhe roer os ossos.
Bem, mas o treinador Carlos Queirós não se referia à sua vaca, mas a uma vaquinha que ele deixou a engordar e da qual se serviram todos os técnicos nacionais que andaram com a manada, salvo seja, por Europeus e Mundiais. Penso eu "de que" Carlos Queirós só tem alguma razão, na medida em que segundo alguns dados que analisei, dos 34 campeões mundiais de sub-20 na Arábia Saudita e em Portugal, apenas seis (6) conseguiram impor-se com regularidade na selecção nacional, o que dá cerca de 15% de aproveitamento. Afinal só nos lembramos de Figo, Fernando Couto, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa e Jorge Costa, para além de uns esporádicos Abel Xavier e Rui Bento.
Claro que a vaca também deu Brassard, Bizarro, Tó Ferreira, Resende, Folha, Amaral, Abel, Valido, Morgado, Paulo Torres, Paulo Alves, Gil, Toni, Filipe, Tó-Zé, Hélio, Xavier, Paulo Madeira e tantos outros que agora não lembro, o que me leva a pensar que em todas as épocas houve algum leitinho de vaca gordo e meio gordo, mas a maioria foi leite magro, muito magro e não fica bem estarmos agora a chorar sobre o leite derramado, não acha professor?
O que lhe pedimos é que consiga levar a selecção à Africa do Sul em 2010, para o qual terá de ter alguma sorte e uma equipa com os melhores no lugar certo. A propósito, então o Pepe, defesa central desde sempre, tem capacidade para desempenhar um lugar de médio, mesmo recuado, sem rotina do lugar e com meia dúzia de treinos?
E se o Figo joga no Inter, não pode jogar na selecção nacional? talvez ele não queira... mas e o Petit já não serve com 31 anos, mas o Litmanen na Finlândia, com 38 serve? e o Ricardo, titular do Bétis perdeu qualidades? ou é só pela necessidade de acabar com os lixos "tóxicos"?
Não poderemos é pensar que também no futebol é tempo de vacas magras, porque jogadores jovens de bom nível existem e só precisam que lhes dêem oportunidade.
Carlos Queirós pode fazer um bom trabalho, todos esperamos isso, nem que para isso haja necessidade de chamar os "bois" pelos nomes.

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