domingo, 9 de novembro de 2008

A MILÚ IRAQUIANA

" Não cedemos a chantagem, nem a guerrilha eleitoral"
Com esta frase "brilhante" a ministra da Educação de Portugal quis responder aos mais de 100.000 professores que pela segunda vez desde Março deste ano se manifestaram em Lisboa, justificando os quase 90% de professores que se deslocaram desde Trás-os-Montes ao Algarve, com prejuízo de um dia inteiro de descanso para fazerem valer o seu ponto de vista neste diferendo.
Ao lembrar-me do seu passado maoista, veio-me à memória o "bando dos quatro" que poderemos compôr com José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues, Valter Lemos e o secretário Pedreira, donos da verdade da educação nacional, da avaliação "tipo folha A4" porque se lembrou que afinal a avaliação dos professores corresponde a uma simples folha A4 com os objectivos individuais... que os ignorantes professores portugueses não conseguem preencher, porque na verdade eles nem conseguem fazer uma redacção com pés e cabeça, quanto mais uma avaliação sem pés nem cabeça.
Será que a ministra da Educação entende que os 100.000 professores se manifestaram para prevenir situações de injustiça a médio prazo, como a divisão da carreira, com classificações de bom, muito bom e excelente que vão diferenciar os anos necessários à subida de escalão e a ultrapassagem de uns pelos outros, não porque uns sejam melhores que outros, mas porque haverá em muitos casos dois professores excelentes e apenas uma vaga para preencher?
Será que a ministra da Educação entende que há professores de Educação Física que vão avaliar colegas de Educação Tecnológica, Educação Musical ou Técnicas de Expressão Plástica e que não estão minimamente preparados para fazer essa avaliação? e saberá que o contrário também acontece, com professores de Educação Visual a avaliar os colegas de Educação Física, até mesmo assistindo e avaliando a prática pedagógica?
Com que então só precisamos de uma folha A4 com os objectivos pedagógicos? veja lá, senhora ministra, que estes 100.000 loucos andavam a fazer reuniões intermináveis com 3, 4 e 5 horas de duração, só para elaborarem o planeamento anual, o projecto educativo, as avaliações diagnósticas, os quadros de percentagens em exel, os projectos curriculares de turma que, se os directores de turma não viessem com eles quase prontos para aprovação, ainda íamos fazê-los na noite de consoada...
E sabia, senhora ministra que as organizações de professores elaboraram um projecto de avaliação de professores capaz de ganhar esta classe profissional para uma melhoria do seu estatuto e do ensino em geral, projecto esse que a senhora diz ainda não ter recebido, quando a revista da FENPROF já o publicou?
Já agora gostava de referir que sou professor titular, fui nomeado avaliador de cinco colegas de grupo, com quem trabalho há mais de uma dezena de anos, nunca fui convidado a assistir a uma qualquer formação em avaliação, nunca me convocaram para uma reunião de avaliadores e apenas sei que terei de os avaliar porque me foi comunicado oralmente numa reunião geral de professores. Tive o cuidado de lhes comunicar que para uma vaga de excelente num departamento de 17 profissionais, não tenho capacidade para os diferenciar, o que pressupõe uma avaliação de bom para todos eles, porque eles são mesmo bons. Mas todos sabemos que outros departamentos podem catalogar de excelentes outros colegas tão bons como eles, não é senhora ministra?
Lembrei-me agora do ministro da propaganda de Saddam Hussein, que com as tropas americanas às portas de Bagdad, gritava para as cameras de tv que "a guerra está ganha e os americanos foram totalmente derrotados"... será que a ministra da Educação estará com as mesmas visões do cómico ministro do Iraque?
Vá-se curar, senhora ministra!

Nenhum comentário: