domingo, 23 de novembro de 2008

A FALTA DE IMAGINAÇÃO...

Todos os dias somos confrontados com notícias, reportagens, crónicas, livros e revistas onde a imaginação entra em rédea solta e ainda há quem consiga alinhavar tanta quantidade de imaginosas recomendações, análises, contas-correntes, projectos, programas, acções e outras confusões, mas infelizmente eu não consigo, porque quando vejo um administrador a confirmar alhos, vem logo outro no dia seguinte refutar bugalhos, se um diz que falou o outro diz que não ouviu, se havia lucro para este, vem logo o prejuízo do outro... como se pode ser sacristão numa igreja destas?
Então não é que fui bombardeado nos últimos anos com lucros, eu repito, com lucros multimilionários de todos os bancos deste país e agora vêm todos dizer que estão tesos que nem a espinha do carapau? mas será possível que um administrador de um banco venha dizer que não sabia de nada, que nem percebia de contabilidade, que a formação dele era direito e que assinava tudo porque o amigo lhe dizia que estava tudo bem, sem se lembrar quando o convidaram para a administração, que na verdade sabia tanto de administração de bancos como eu de lagares de azeite? mas eram 25 mil euros por mês e não era tão rico assim para dizer que não... afinal aquilo não era tão difícil como isso, todos os anos tinha lucro, porque não aceitar? podia ser burro, mas parvo só o da parvónia...
Mas se tinham lucro todos os anos e nunca quiseram pagar de impostos mais (em percentagem) que qualquer contribuinte, porque é que os meus impostos vão servir para os tirar do lamaçal financeiro em que se meteram? e como é que um administrador, que não sabe de nada, consegue tirar uns milhões de euros da sua conta antes do banco se queixar de dores nas costas, perdão, nas contas? o homem tem cá um olho para as suas contas que faz favor...
Cada vez que leio ou oiço estes banqueiros, lembro-me do Alves dos Reis, mas ao menos esse encheu o país de notas de quinhentos e estes enchem os seus bolsos e dos amigos, que até me recordam de quem leva a vida à sombra da bananeira e chego à conclusão de que "bananas" somos quase 10 milhões... o amigo administrador que dá procuração ao amigo, que lhe compra a casa, que depois é nomeado para um cargo pelo amigo, que entretanto sai do governo e vai para a administração do banco que já lá tinha os outros amigos que entretanto faziam negócios com as empresas das mulheres , que eram sócias do afilhado... acho até que a TVI podia começar a próxima telenovela com estes actores todos.
É claro que o país antigamente adormecia e acordava com a azia da aguardente branca nessa altura e sem possibilidade de muitas confusões, até porque se não havia cartões multibanco, muito menos havia contas no banco, mas agora é diferente, qualquer ex-político se junta a uma off-shore das Maldivas e investidores árabes ou angolanos, que têm o povo cheio de fome, mas fazem investimentos com dinheiro lavado com "omo" ainda mais branco...
Agora sim, esta maralha afaga os negócios com wisky velho, faz da vida um conjunto de novelos que impedem que se puxe a meada pela ponta, atam e desatam nós que os protegem a si e aos amigos, tornam-se inimputáveis... já repararam como o povo condescende com o fato, gravata e o putedo da Lux? o fato e a gravata são provas irrefutáveis de que esta gente é imaculada, cheira bem, fala baixinho, lava-se todos os dias, para além de aparecer sempre com bons carros, grandes e luxuosas vivendas, como aquela que a TV mostrou do administrador, comprada apenas com o lucro de negócios bem dirigidos, porque no governo o homem nem ganhava para os charutos, como dizia um tal ministro Gonçalves Perreirra que gostava de carregar nos erres... há até uma canção brasileira que diz " um rico correndo é atleta, um pobre correndo é ladrão"...
E diziam que os portugueses são pouco imaginativos...

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