sexta-feira, 26 de setembro de 2008

NÃO ESTAMOS SÓS!

Ao ler hoje a crónica de Santana-Maia Leonardo no "Jornal Torrejano", sobre a incompatibilidade e talvez até irresponsabilidade que é a repetência de estudos na escolaridade obrigatória em Portugal, veio-me à memória uma crónica por mim efectuada no dia 27 de Julho de 2007, no final de mais um ano escolar e que faz parte de um livrinho de crónicas que me foi oferecido no Natal passado.
Mais um ano transcorrido e mais uma crónica trazida à estampa por S-M Leonardo no "Jornal Torrejano", com os princípios do meu ponto de vista ainda mais bem elaborados, o que me leva a pensar que dentro de uns anitos (100 a 150), haverá um ministro a propôr uma nova lei educativa que se reveja nas crónicas por nós elaboradas, as quais nada mais afirmam que a inutilidade da retenção de ano, na escolaridade obrigatória, por parte dos alunos deste país. Se há 40 anos atrás se compreendia que a retenção se fizesse, até para que as classes sociais se perpetuassem e os trabalhadores ignorantes nem colocassem em causa a sua condição social e económica subalterna, nos dias de hoje nada o justifica.
Os jovens cumprem uma escolaridade obrigatória que lhe dará uma noção básica do que poderá constituir o "manual das relações sociais" numa perspectiva de desenvolvimento futuro que, se há uns anos finalizava por volta dos 10/12 anos o seu trajecto escolar, hoje tem como objectivo um percurso escolar que acaba, no mínimo com 17/18 anos de idade ou 24/25 ou mais anos, se o percurso académico for completo.
Outro elemento importante a ter em conta é a formação contínua que a maioria das pessoas terão ao longo da vida, bem como ocupações diversas para as quais vão recebendo ao longo da vida a adequada formação, o que nos leva a concluir da inutilidade das retenções/chumbos dos nossos jovens na actual escola portuguesa. Nem entendo como um governo que "é só números" e que poupa na farinha e no farelo ainda não se lembrou que esta medida pedagogicamente correcta é economica e socialmente benéfica a médio e longo prazo.
Lembrava eu na crónica de 2007 que se não tínhamos um jovem com dificuldades cognitivas ao mesmo nível dos que sabiam a matéria, tinhamo-lo ao mesmo nível de desenvolvimento físico com os seus colegas de sempre, participando nas brincadeiras adequadas ao seu tamanho, ao contrário da retenção que, numa análise extrema poderia sentar na mesma sala crianças com 5, 6 ou 7 anos de diferença de idades... e a quem aproveitaria uma situação destas?
Não quereria acabar esta análise sem focar a Educação Física de que S-M Leonardo aborda e compara em relação "ao tempo em que os jovens sabiam mais do que hoje...". É verdade que os burocratas da pedagogia têm teorizado a prática da Educação Física na perspectiva de a "uniformizarem" com as outras ciências, com alguma "culpa" dos próprios profissionais da disciplina, de tal maneira que um dia veremos muitos dos novos professores a leccionar de fato e gravata, que o computador pessoal e as planificações, os objectivos, as acções e as grelhas de avaliação já são um facto. Talvez por isso o desabafo de quem olha o problema um pouco à distância e entenda que os jovens estão a olhar a Educação Física como mais uma "seca" de matéria, testes e avaliações esquisitas. Para mim, que já ando de fato de treino e alpercatas há 36 anos, não é assim tão trágico... os meus alunos continuam a divertir-se com a Educação Física e eu a divertir-me com eles.

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