domingo, 30 de agosto de 2009

MEDALHAS DE OURO...

Nestas coisas das medalhas de ouro, há-as de todos os feitios, modelos e paladares, desde os Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo e afins, assim como do Estado, Governo, Câmaras e Juntas, para além de clubes, colectividades e associações, das mais exóticas às mais formais, até porque se há gente disposta a galardoar, parece que há muitos mais a querer receber, até porque medalhas, comendas e prémios dão sempre jeito no currículo, se mais não fôr para ajudar a compôr o dossier que na velhice renderá um qualquer subsídio como aqueles "da liberdade" que até o Palma Inácio recebia por ter gamado uma fortuna na Figueira da Foz.
Isto tudo a propósito de uma tal "medalha de ouro" da cidade de Santarém, proposta, aprovada e aplicada pelo bem conhecido presidente de câmara, escritor, telecomentarista e ex-inspector da judiciária Moita Flores, na pessoa do primeiro-ministro, secretário-geral, ex-ministro e engenheiro civil José Sócrates que não tendo mais nada que fazer, foi até Santarém com a comitiva receber tão importante prebenda, aproveitando para elogiar o independente eleito pelo PSD, agora apoiante do PS nas legislativas e candidato do PSD nas autárquicas, onde votará em consciência, porque o homem pode até parecer parvo, mas não é burro.
Mas eu só queria saber onde, como e quando se podem propôr medalhas de "ouro" e onde, como e quando nos devemos sentir no direito de as exigir... acho que se até para fumar já há lei que estabelece onde se pode fumar e em que condições, porque não uma lei que nos informe quando é que uma medalha de "ouro" pode ser atribuída, porque depois ainda temos as de "prata" e as de bronze. O facto de não haver um conjunto de mandamentos que organize e estruture a entrega dessas medalhinhas leva até que elas só se entreguem quando o tal presidente, seja ele qual for, se lembre e proponha, vote a favor e entregue a "coisa", porque haverá sempre um fotógrafo e um boletim informativo a perpetuar a cerimónia.
Nestas coisas de medalhas de "ouro, ou "medalhas de ouro", como queiram, encontrei algumas curiosidades, como por exemplo, a câmara municipal do concelho onde resido ter atribuído a "medalha de ouro" a um clube desportivo em 1970 e ter voltado a atribuir nova "medalha de ouro" ao mesmo clube em 1995, tudo levando a pensar que um ano destes volte a fazer o mesmo, o que pressupõe que não há um livro de registos adequado que possibilite saber quem recebeu e o que recebeu... neste caso, até com o facto extraordinário de as medalhas não serem de ouro. Então faz-se figura com as tais "medalhas de ouro" e depois aquilo não vale a ponta de um corno?
Também um dia me foi atribuída a responsabilidade de gerir um clube desportivo, onde me mantive três anos, tendo verificado que também aí as pessoas com 50 anos de sócio (cinquenta anos!!!) eram anualmente contempladas com um emblema de latão dourado e os com 25 anos de sócio recebiam um emblema de latão prateado, tudo isto dentro daquela nacional parolice que satisfazia toda a gente por meia dúzia de patacos. Claro que os emblemas de ouro e prata verdadeiros começaram a fazer parte da vida do clube, mantendo-se durante esses três anos e espero que o hábito se mantenha por muitos e bons anos, até para dignificar quem os entrega e quem os recebe.
Mas voltando ainda ao presidente da câmara Moita Flores, não somos contra a entrega de medalhas de ouro, porque haverá sempre alguém que por um desempenho acima da média e a favor da comunidade, mereça uma especial referência, mas não haverá no meio dos comentários televisivos, dos livros escritos como quem come tremoços à saída da missa ou das reuniões de câmara e das cerimónias das medalhas outros interesses que nós não vislumbramos?
Bem, ficamos à espera que esta burla das medalhas douradas acabe... ou será que quem as recebe não tem qualidade suficiente para merecer medalhas das verdadeiras?

Um comentário:

Miguel Sentieiro disse...

E eu sonho com o dia em que todos os dez ficam em casa e ninguém mete lá a cruzinha...A gaita é que os candidatos são mais c'as mães; com a proliferaçao de tachos, temo mesmo que cheguem aos 2 em dez daqui a pouco tempo...