quarta-feira, 15 de julho de 2009

O ESTADO, PESSOA DE BEM...

O Estado, pessoa de bem! é verdade, o meu avô já falava de um Estado com maiúsculas, dizia ele que isso começou a dizer-se no tempo do Egas Moniz, quando este foi com a família e as cordas ao pescoço, pedir desculpa ao rei por alguma palavra dada e entretanto desmentida pelos factos, mas isso foi há tanto tempo que acredito que poucos se lembrem dele e até o confundam com o Martim Moniz, entalado nas portas de Lisboa, o Botelho Moniz que chegou a general de Salazar e até o quis entalar, ou até o Moniz Pereira que conseguiu fazer em Portugal recordistas mundiais e medalhados olímpico no atletismo e nunca se deixou entalar.
Mas já que falamos de entaladelas, lembrei-me agora de uma cena que se não fosse grave, daria para rir um bocadinho, que parece que faz bem ao fígado, isso digo eu, porque os cientistas ingleses confirmaram que umas palavras grosseiras aliviam a dor de cabeça... na verdade um asneiredo quando batemos com o martelo no dedo, não cura mas alivia.
Ah, a cena... pois um casal foi a uma festa e houve confusão... empurrões pra cá, murros pra lá, uma garrafa na cabeça de um, uns pontapés noutro, resultado final: dois feridos maltratados a caminho do hospital. GNR chamada, identificação dos agressores, garrafas para cima dos militares, ofensas verbais e outras coisas mais... ninguém detido para averiguações.
Entretanto no hospital:
- ena como a senhora vem... é só sangue!
- pois foi senhor doutor, fui agredida sem saber porquê e acabei com uma garrafa partida na cabeça que me deixou neste estado...
- e aquele senhor que está ali também a queixar-se, é seu marido?
- é sim... também as comeu...
- então mas ele agrediu-a?
- não, senhor doutor, ele também apanhou... fomos a uma festa...
- a senhora diga a verdade, está a parecer-me que ele é que a agrediu... olhe que se foi ele, já não sai daqui, é detido imediatamente por maus tratos, quer que chame a polícia para o deter?
- oh senhor doutor, fomos ambos agredidos numa festa por um grupo de malandros sem qualquer justificação...
- ah bom, senão ficava já detido e ia logo para tribunal, neste país é assim, não se brinca.
Entretanto no mesmo país, um dos agressores confessou a agressão ao guarda da GNR...
- pois fui sim, fui eu e se não fossem na ambulância ainda levavam mais, o que é que você quer?
e vá-se embora para o posto que isto ainda acaba mal...
Pois, aqui neste cantinho do país a GNR foi-se embora, ninguém foi detido nem identificado e a queixa foi feita...
- bom dia, quero apresentar queixa...
- sabe o nome da pessoa que o agrediu?
- não, mas sei a alcunha, que já consegui saber isso e sei onde mora... os senhores foram lá ao local e não conseguiram saber o nome?
- o senhor é que tem de saber o nome do agressor... para nós sabermos o nome, a isso já se chama investigação e é outro assunto.
Conclusão:
Em Portugal, bater na mulher é crime, bater na mulher dos outros não é!
Entretanto noutro ponto deste inimaginável país, uma senhora separa-se do marido e vai à sua vida, o gás da companhia está no nome dela e o ex-marido continua a gastar o gás durante seis meses. Em casa chegam facturas do gás em nome dela que o ex-marido rasga e não se pagam... relaxe, tribunal e penhora de bens, para simplificar a história.
Uma patrulha da GNR vai à nova morada da senhora para lhe penhorar os carros.
- então, pergunto eu que sou ignorante, se a senhora mudou de casa na mesma localidade e nem a companhia do gás, nem o tribunal, se importaram de a localizar antes do caso ir para tribunal, nem sequer desconfiaram que a senhora podia não ter conhecimento da situação, quando foi preciso penhorar os carros já deram com a nova morada?
Parei agora a crónica para dar umas valentes gargalhadas, desculpem...
Por último, outra história verídica:
jovem, 28 anos, licenciada entendeu que deveria fazer a sua empresa, em vez de ir para o "centro de (des)emprego" pedir a esmola de um subsídio. Sem subsídios durante toda a vida de estudante, sem subsídio para montar a empresa (os 5.000,00€ do capital social foram emprestados), sem receber a ponta de um chavelho do Estado, recebeu um questionário das finanças para preencher, atrasou-se, não respondeu quando devia e agora recebe um "auto de notícia" para pagar uma multa de 225,50€. Mas quem a mandou armar-se em parva e não ir para a porta de "segurança social" como fazem tantos milhares de coitadinhos? Esta valorosa e jovem empresária já ficou a saber o que é um Estado "pessoa de bem".

2 comentários:

Miguel Sentieiro disse...

Ainda bem que vais para o Brasil...e tenho impressão se tivesses a massa do Sousa Tavares, também ficarias lá mais uns anitos.Ainda bem que não tens massa, porque ao contrário do tipo, tu fazes falta é aqui...
E biba Portugal!!1
Abraço
Miguel

virginia disse...

Que bom ler-te! Recordei os 53euros que as acçoes da PT deram de dividendos, com retençao na fonte de 4,90euros para IRS que obrigaram a n/Mae a consumir 53euros nas Finanças sem direito a receber os 4,90 por ser importancia inferior a 5 euros. Ah! Estado Ladrao!