sábado, 9 de maio de 2009

NA QUEIMA...

Não sei porquê, ou melhor, eu sei porque não andei na universidade a praticar praxes, mesmo daquelas ligeiras com piada e que não ofendiam ninguém, assim como não fiz queima, a não ser queimar umas noites e algumas pestanas a estudar, porque na verdade eu fui fazer o meu curso superior, com família e filha, empregos vários num tempo em que se podiam acumular vários biscates além da profissão, apenas para compor um orçamento familiar e porque aos 30 anos não existe ninguém que não queira reforçar o pé-de-meia mensal, pensando que um dia poderemos ser não o Bill Gates, mas o Dias Loureiro cá do burgo.
Acho que sim, que a idade madura em que entrei no ensino superior não me dava aquela vontade de fazer traquinices próprias dos "teenagers" que por lá encontrei, mas não foi só isso não, porque havia motivação "quase-política" que de certa maneira nos deixava um pouco à margens dessas manifestações estudantis, as quais nos motivavam mais para os jantares da primeira segunda-feira do mês, com muito boa disposição e um bar que ajudava a juntar a noite ao dia e que reforçaram o espírito estudantil daquele pessoal que soube integrar o "velhote de bigode" que apareceu no meio sem aviso prévio.
Também a necessidade de acabar o curso o mais rapidamente possível, me obrigou a fazer os cinco anos da praxe em quatro e nove meses, uma vez que se começou em Outubro de 83 e se acabou em Julho do ano da graça de 88, com um emprego na Acção Social Escolar, um quase emprego como treinador-jogador de futebol e um mal empregado desempenho de pai e marido qb... agora vejam lá onde havia lugar para as praxes iniciais e a queima final.
Felizmente os jovens que durante esses cinco anos me acompanharam, dos quais destaco o Carlos Marques, que nunca mais me largou desde essa altura e continua a chatear-me a cabeça na nossa escola, agora como meu avaliador nessa tal "avaliação de desempenho docente" que, qual "queima das fitas", só serve para que nunca mais me esqueça de uma tal ministra de apelido Rodrigues, assim como nunca mais esqueci um tal Sottomayor Cardia, que já que estamos a falar de "queimas", foi um dos que "ardeu" e ao qual nada faltava para parecer maluco, já lá vai o ano de 77 e eu professor com habilitação suficiente...
Mas havia o Lineu, que voltei a encontar num anúncio de TV, de que já não lembro o produto, o Vitor Pataco, o Zé Sabbo, a Paula Ruas, a Isaura (obrigado pelas fotócopias), o Peseiro, o Vitor Maçãs, a Inês e tantos outros que se vão reunindo em almoços a cada ano que passa e que também não ligaram muito a estas celebrações académicas, porque outros valores mais altos se levantavam...
Mas "todo o tempo é composto de mudança", nem vale a pena tentar saber se para melhor ou pior, talvez apenas diferente e agora é o meu filho que me convida para ir à sua "Queima das Fitas"... claro que sim, que vou, mas começo a pensar se é assim tão grave ir até Évora, contrariando aquilo que pensava há vinte e tal anos atrás. Será que aquilo que eu critico ao Vital Moreira por ter apregoado azeite e vendido vinagre, se aplica a mim mesmo nestas coisas da "Queima das Fitas"? ou será que ele andou a iludir uns e agora ilude outros e eu, mesmo mudando de opinião, só posso iludir o meu filho?
Olha Filas, vou à "Queima", sim senhor e até já fiz um poemaço para escrever na tal fita que, afinal eu também gostaria de ter tido...

A calma e o silêncio desse campo
em que jogas teu corpo, tua alma,
o sentido que reflecte essa calma
para além Tejo derramado,
um futuro cheio e dedicado
na planície amarela d`um encanto.

Jogas, pensas e decides
o tudo e o nada de um jogo,
a vitória que nos dá algo de novo,
a derrota que te sofre, mas aceitas...
vidas feitas e desfeitas
na batalha que te marca e em que vives.

Felicidade é teu jogo, tua equipa,
os amigos, a família, pois então...
estratégia vencedora da razão,
a luz que te dará esse caminho,
certeza que ninguém vence sózinho
no jogo desta vida, acredita!

Um comentário:

Anônimo disse...

Querido compañero, veo que después de nuestra estancia en Alcanena, los interesantes escritos de tu blog se han frenado. Supongo que te estás recuperando todavía del esfuerzo que significó dedicarnos las 24 horas del dia durante una semana.

Desde Palamós seguimos esperando tus escritos en el blog y continuamos con los trabajos de organización para nuestra RUTA POR EL DANUBIO para el próximo mes de agosto.

Un abrazo compañero.

JOSEP