quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O GERÚNDIO




Nos tempos que vão correndo, em pleno século XXI, cada vez mais as novas tecnologias vão ocupando o lugar de destaque que, em muitos sectores da sociedade vai fazendo por merecer, conquistando jovens e menos jovens para novas formas de comunicação e dinâmicas empresariais.
Estou reparando que num único parágrafo já lá vão quatro gerúndios, o que não sendo tão importante como isso, e retirando alguns abusos abrasileirados, funcionando como bengala de quem vai tendo alguma vontade de escrever, cronicando, está servindo às mil maravilhas, especialmente nesta crónica. E já vão, para não escrever indo, mais seis gerúndios…
Tudo isto a propósito do governador do Paraná, um estado do Brasil, que não foi de modas e decretou, com chancela e tudo, o funeral do gerúndio, aquele tempo verbal que representa tão bem ou melhor a idiossincracia do que é ser brasileiro.
Este governador é um cromo, digo eu, ou melhor, está sendo um cromo, daqueles que vão entrando diariamente no guiness da parvoíce. Então não é que o homem está querendo acabar com o gerúndio para aumentar a produtividade dos funcionários públicos brasileiros? Afinal há sempre alguém que nos vai deixando com vontade de dar umas boas gargalhadas e só não estou entendendo como é que as televisões portuguesas ainda não estão entrevistando o governador do Paraná. Elas pelam-se por uma reportagem, e melhor ainda se a repórter escolher um enquadramento diferente de uma porta de tribunal. E já lá vão mais seis gerúndios…
Diz ele, possivelmente com alguma razão, que quando o contribuinte se desloca a uma repartição para saber o estado em que se encontra o seu processo, os funcionários respondem “está indo, estamos tratando, estamos resolvendo…” o que naturalmente leva a que nada se resolva.
O governador está convencido que sem gerúndio vai funcionar melhor? Então venha a Portugal, que aqui está tudo no pretérito perfeito… quer ver?
- Bom dia!
- …
- A menina pode informar-me se já deram resposta ao requerimento que entreguei aqui há seis meses?
- Seis meses? O sr. Director ainda não deliberou. Volte cá para o mês que vem!

...............
- Bom dia!
- ...
- Era sobre o requerimento...
- Trouxe os documentos?
- Era só...
- Sem documentos não posso fazer nada.
- Mas...
- O sr. Director saiu, não pode atender.
- Quando acha que...
- Traga o recibo que lhe passei para comprovar a entrega dos documentos e volte para a semana!
- Bom dia e obrigado.
- ...
E isto tudo sem gerúndio…
A propósito, achei por bem colocar nesta crónica uma foto sugestiva, em que as maçãs com gerúndio vão caindo, ao lado de cidadãos e instituições que por cá vão indo…

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