terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A SOCIEDADE DO SÉCULO XXI

Uma das minhas esperanças na entrada do século XXI era essencialmente focada na transformação social, na vontade de quem governa, de quem se governa e de quem se deixa governar, no sentido de uma real mudança do seu nível de vida e das condições mínimas de usufruto da sociedade dos tempos livres, que só a elevada capacidade tecnológica do actual século pode proporcionar.
O que é facto é que quem nos governa, ao arrepio de uma análise histórica, mesmo superficial, vem dizer que afinal toda essa diminuição do horário de trabalho que se iniciou com a revolução industrial é prejudicial... ou seja, o pessoal que começou por trabalhar 16 horas por dia, passou para as 12, andou à porrada em Nova York pelas 8 horas de trabalho, começou a reivindicar as 7, 6 e mesmo 5 horas diárias e em muitas profissões conseguiu, esse tal pessoal estava completamente errado, muito embora se saiba que cada vez temos mais e melhor produção de bens de consumo e que a crise existe porque os carros existem e não se vendem, os bonecos de Natal estão por aí aos montes e tb não se vendem, as casas constroem-se e não se conseguem vender, a comida está a abarrotar em prateleiras de supermercado, com promoções cada vez mais agressivas... e eu a pensar que crise é no Zimbabué, onde se morre de cólera, não há que comer nas prateleiras das lojas, não se produz nada depois de terem expulso os colonos e há lá um preto fanático que diz que os brancos é que são os culpados, justificando a loucura com o racismo.
Na verdade, os actuais dirigentes europeus chegaram à conclusão que a crise só se ultrapassa com horários mais alargados e mais intensos, como afirma o socrático governo de Portugal, até porque os chineses dormem ao lado da máquina, comem arroz todos os dias e já estão com cerca de 10% de crescimento ao ano, o que se não é um bom exemplo para os madrassos dos trabalhadores portugueses é bem "trovato", até porque temos exemplos de licenciaturas tiradas ao fim de semana, como corolário dessa ideologia peregrina de colocar a malta a trabalhar dia e noite, para o bem estar e a felicidade da humanidade, esquecendo-se que Deus criou o Paraíso muito antes de criar o trabalho.
Então a ideia socialista de colocar a máquina ao serviço do homem já está posta de lado, dando lugar aos "boys neo-liberais socialistas", mensageiros da boa hora que declaram o homem ao serviço da máquina até que alguém o meta no crematório do Alto de S. João?
Esta geração governante pensa que trabalhando mais se alcança o Céu na Terra, contrariando a lógica de um menor tempo de trabalho através do uso adequado das novas tecnologias, próprio dos novos tempos do século XXI, o tal século do bem estar e dos tempos livres?
Há 40 anos instituiu-se a semana inglesa, com o sábado a declarar-se dia de folga, os tempos mudaram da noite para o dia, a produção nacional e mundial aumentou exponencialmente e os "experts" da economia (previam o petróleo a crescer até aos 200 dolares no final de 2008 e o seu preço está a 37 dolares), do ambiente, da gestão e da política, o trabalho escasseia porque a tecnologia vai substituindo o homem e querem... mais horas de trabalho.
Para quando a redução da semana de trabalho para quatro dias? não seria possível colocar os 400.000 desempregados a fazer qualquer coisa, rentabilizando os subsídios pagos, se a jornada de trabalho semanal se reduzisse para quatro dias?
E com esta medida, o que impediria os trabalhadores de fazer mais umas horas nos dias em que estão de folga, se o desejassem? e não seria mais razoável encurtar o período de trabalho para possibilitar a entrada de mais gente no mercado de trabalho?
Sempre que houve alterações surgiram ondas de choque, mas todos sabemos que depois o mercado se adapta à nova situação.
Acho que a falta de deputados na Assembleia da República não foi mais que um ensaio para a semana de quatro dias, até porque todos tivemos duas semanas seguidas de quatro dias e ninguém se queixou, ou notaram algum problema?

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sou a favor do fim de semana passar para a semana e vice-versa. A malta trabalhava muito mais bem disposta, com consequente melhoria no rendimento laboral...
O problema são os moirospatológicos e invejosos...
Essa do paraíso antes do trabalho está fabulosa.

Miguel