segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FUNDAÇÕES AO FUNDO!

De vez em quando vem à baila a história das "fundações", uma invenção cheia de boas intenções, normalmente com o objectivo de promover e fazer o bem, com muitas pessoas importantes, de preferência ricas e com uma qualidade filantrópica que, levada à letra satisfará quem dá e quem recebe.
Muitas pessoas com grande disponibilidade económica, chegam à conclusão que o seu excessivo dinheiro poderia ajudar a minimizar as carências de muita gente, seja no apoio directo a essas pessoas, seja na criação de instituições que pela investigação científica irão a breve prazo satisfazer outro nível de necessidade das populações mais carenciadas, com a grande vantagem de em vida poderem acumular umas condecorações ou até mesmo uns "honoris causa", nas mais diversas e peculiares universidades independentes.
Hoje, ao ler o jornal fiquei a saber que são quase 1.000 fundações em Portugal, um número redondo fornecido aos jornalistas, porque é um "bico de obra" saber efectivamente quantas fundações existem na realidade, até porque segundo um membro do " Conselho Permanente das Fundações" um organismo criado pelo Estado para tratar dessa coisa das fundações, nem ele sabia dizer quantas existem, o que prova a sua incompetência e só por isso... deve continuar em funções.
Mas nesta trapalhada das fundações, o que mais me intriga é que sendo elas criadas por um acto voluntário de pessoas abastadas na sua generalidade, sendo elas um produto da "sociedade civil", seja lá isto o que fôr, não tendo fins lucrativos e recebendo contributos financeiros e materiais que deveriam ser voluntários, portanto das pessoas que apoiam o projecto, seja o Estado, todos nós, a contribuir com 166.000.000,00€ (cento e sessenta e seis milhões de euros) nos últimos anos e com tendencia para aumentar, não contando com uns benefícios fiscais que essas tais fundações vai conseguindo por forma a não pagar impostos.
Resumindo, aquilo que o velho regime acabou por autorizar, a Fundação Gulbenkian, um exemplo de como uma pessoa conseguiu orientar os seus rendimentos, privilegiando o bem comum, a ciência e as artes, os figurões "democratas" que nos governam multiplicaram e sustentaram as vaidades pessoais de centenas de artistas que viram nessa generosidade uma óptima forma de fugirem ao pagamento de impostos, para além de os subsidiarem com os tais 166 milhões de euros.
É que, não se pode tomar a nuvem por Juno, que há sempre pessoas bem intencionadas, mas alguém acha que as mais de mil fundações estão disponíveis para ajudar as pessoas, as colectividades, as associações ou até mesmo o país? Acabe o Estado com os subsídios e nem uma dúzia mantém as portas abertas.
A propósito, já que estou com a mão na massa, tive conhecimento que os bombeiros "voluntários" se queixaram ao governo ( a quem havia de ser?), que recebem uma ninharia por cada hora no combate aos incêndios... então mas os homens são voluntários ou afinal estão ali para compor o orçamento mensal? é que voluntários no meu tempo, era para quem queria ajudar sem esperar receber qualquer verba, era mesmo fazer qualquer coisa só pelo prazer de contribuir socialmente, mas agora parece que não. Um dia destes até achei estranho que todas as colectividades se queixavam de falta de participação dos jovens nas suas actividades e a fanfarra dos bombeiros tinha quase cinquenta a bater bombos e tocar cornetas. Perguntei porque iam tantos jovens "voluntariamente" para a fanfarra dos bombeiros e vim a descobrir que a Câmara Municipal lhes pagava uma verbazita mensal nas casa dos 70 a 80 euros... ora aí está porque é que jovens de 11 ou 12 anos gostam tanto de participar "voluntariamente" na fanfarra e não participam noutras actividades.
Com tanto voluntariado e "fundações", quem se afunda é o contribuinte!

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